Concerto Barroco: Gibbons, Purcell, Lully, Corrette, Locke, Montéclair

Sobre o Evento

O histórico ensemble da Orquestra do Festival de Budapeste vai subir ao palco para apresentar obras de seis compositores ingleses e franceses. A "figura mais versátil e notável do violino barroco", e o músico que dirige há anos os concertos de música antiga da BFO, Midori Seiler, criou um programa que inclui uma fantasia, uma ária, uma suite, um concerto, uma chaconne e uma cantata. O programa inicia‐se com o duo de violinos de Gibbons, que rompeu com a tradição renascentista, seguindo‐se uma seleção de peças e paródias de óperas barrocas e música de acompanhamento, o programa termina com a cantata secular de Montéclair. Esta última, bem como a ária de Purcell, serão interpretadas a solo por Stefanie True, nascida no Canadá e convidada de regresso da BFO. A viagem no tempo será completada pela utilização de instrumentos e trajes autênticos da época, bem como por gestos coreografados por uma das maiores especialistas em gestualidade barroca, Sigrid T'Hooft.

No tempo de Gibbons, durante as primeiras décadas do século XVII, a música servia sobretudo de suporte para as letras e o violino fazia parte do acompanhamento. Com as suas seis fantasias, o compositor elevou o instrumento e tornou‐o solista, de uma forma que fez avançar o virtuosismo da música instrumental barroca. A peça é uma demonstração de malabarismo com imitações, ritmos e motivos.

John Dryden, célebre poeta do século XVII, foi um dos que adaptaram e contaram a sua versão da tragédia de Édipo. No terceiro ato do seu drama heroico, os sacerdotes que procuram o autor do crime invocam o espírito do rei assassinado e pedem a ajuda dos deuses do submundo para o fazer. Purcell compôs a "banda sonora" para esta cena, utilizando um baixo cromaticamente ascendente para representar a ascensão de Lajus.

O segundo livro das Metamorfoses, o poema narrativo de Ovídio, começa com a história de Faëton que, conduzindo a carruagem do Sol, encontra rapidamente um destino trágico depois de ter sido momentaneamente empoderado pelo seu pai, Hélios. A ópera de Lully no género tragédie en musique pode ser interpretada como uma fábula: ninguém se pode comparar ao Sol (rei).

Michel Corrette compôs a última peça da sua série de 25 concertos cómicos em 1773. O movimento de abertura é uma adaptação do famoso movimento "Les sauvages" (Os Selvagens) da ópera ballet As Índias Amorosas de Rameau e os outros dois baseiam‐se em partes da ópera Le devin du village ("O Adivinho da Aldeia") de Jean‐Jacques Rousseau.

Várias peças de música teatral incidental foram compostas durante a Restauração inglesa, associada a Carlos II, conhecido pelo seu apaixonado mecenato às artes. Embora não tenhamos informação sobre a peça para a qual Purcell compôs a sua chaconne, a atmosfera da música e o seu baixo descendente e repetitivo servem como precursor do famoso Lamento de Dido em Dido e Eneias.

Matthew Locke, um dos mais importantes compositores ingleses do século XVII, escreveu música instrumental para uma ópera de época baseada em A Tempestade de Shakespeare. A força elementar da música que se ouvia antes de subir a cortina deve ter chocado o público, e o compositor também não facilitou mais tarde na peça, quando se tratou de efeitos surpreendentes e extremos.

O primeiro livro da coleção de 24 cantatas de Montéclair termina com O Regresso da Paz. Composta em 1706 para voz soprano e um conjunto de cordas, os oito andamentos da peça contam a história dos males da guerra, do destino, da cólera, dos erros, do céu, do brilho, dos esforços e das trombetas.